Cidade de Pedra x Cidade Macuti - Ilha de Moçambique


Depois de aproveitarmos bem a noite partimos para o nosso primeiro dia de passeios pela Ilha de Moçambique. Ela tem apenas 3km de comprimento, então a melhor forma de conhece-la é andar a pé mesmo. Existem diversos lugares históricos dentro da ilha que valem uma visita, ao longo dos posts iremos falar um pouco sobre eles.
Conforme observou minha amiga Márcia Laranjeiras a segregação racial/social é bem demarcada na Ilha, que está dividida em duas partes, a cidade de pedra e a cidade macuti. A cidade pedra e cal, claro, era domínio europeu: portugueses, franceses, holandeses e onde hoje estão localizados a maioria dos hotéis e restaurantes. 
Já a cidade macuti é a parte mais pobre e simples da ilha, onde as casas são basicamente feitas de pau a pique, barro e cobertas com a folha de macuti (espécie de palmeira)
A cidade macuti é mais baixa do que o restante da ilha, pois foi de lá que foram tiradas as pedras e areia para construção da cidade de pedra. 


A presença islâmica no norte de Moçambique é muito forte, a ampla maioria pertence as vertentes sunitas do Islã. 

Como Valter é mulçumano nossa primeira parada foi na Mesquita Central Seita Sunni, assim que chegamos havia um senhor sentado no muro perto da entrada, ele nos informou que naquela mesquita não é permitida a entrada de mulheres. 
Então eles entraram e eu fiquei do lado de fora, socializando com as crianças.
Continuamos nossa caminhada... passamos pelo Mercado do Peixe e pela sede da Resistência Nacional Moçambicana – Renamo, segundo maior partido político do país e que por anos travou uma guerra civil contra da Frelimo.


Nosso objetivo era conhecer o Fortim de São Lourenço, uma construção erguida em 1587 numa ilhota próxima a Ilha de Moçambique e que abrigava os “escravos” enviados Europa e Brasil até o século 19. 
Quando a maré está baixa as pessoas aproveitam para catar mariscos, conhecidos em Moçambique como ameijoa. 




Mas ao chegar no Fortim fui tomada por uma tristeza profunda, me deu angústia só de pensar no sofrimento daquelas pessoas... desisti de entrar e resolvemos retomar nossa caminhada.
Hoje era um dia feliz e por isso paramos para assistir um campeonato de futebol que estava acontecendo na praia, depois sentamos pra descansar embaixo de uma árvore secular que encontra-se bem na entrada da Ilha. 
Ela é conhecida como arvore do Mouzinho (Referência ao Governador Geral de Moçambique Joaquim Augusto Mouzinho de Albuquerque – 1895) pois dizem que o governador costumava se sentar embaixo da sombra desta árvore tão imponente e lindíssima.
Depois dali atravessamos a cidade macuti, um visual mais lindo e encantador que o outro, cheio de cores e vida.
Após nós perdermos pelas vielas e não acharmos o restaurante indicado por um amigo, resolvemos voltar para o hotel e almoçar. 
 E tomar um banho de piscina e uma cervejinha gelada porque ninguém é de ferro, né?


Enquanto isso no píer uns miúdos fazem saltos alguns acrobáticos alguns espalhafatosos, que divertem os amigos na plateia. No fundo tive inveja daquelas crianças, elas pareciam bem mais felizes que nós...

  

Ilha de Moçambique


Após uma semana exaustiva de trabalho no Hospital Central de Nampula chegou a hora de descansar um pouco. O local escolhido foi a Ilha de Moçambique, considerada pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade.


Para nossa surpresa apesar de ser um local turístico não existem ônibus para Ilha, os turistas tem de ir em carros de aluguel que cobram cerca de R$ 500 por pessoa pelo transfer. Achamos o preço absurdo e resolvemos ir de chapa (van de transporte coletivo) e pagamos 170 meticais cada (menos de R$ 20). 



Mas se está com presa ou quer conforto desista, pois as chapas vão parando nas cidades a beira da estrada para entrada/saída de passageiros e os chapeiros vão lotando a chapa, não existe respeito sobre quantidade de passageiros, muitas pessoas vão em pé durante o trajeto de 180km que durou 4horas. 




Não sei pq mas apesar de tudo adorei a viagem, as paisagens, as pessoas...e no final a vista compensou a demora.


Ficamos hospedados na Villa Sands, um hotel de frente para o índico e com uma piscina de água salgada que é um escândalo. 






 Mas deslumbrante mesmo é o pôr do sol. 





 Depois de toda odisseia para chegar na Ilha só nos restou jantar, dançar, tomar uma cervejinha com o pessoal do hotel e depois descansar para os passeios do outro dia, mas esta já é outra história.



Nampula - Moçambique


Viajei para Nampula, norte de Moçambique, com intuito de realizar parte da pesquisa do Doutorado. A LAM – Linhas Aéreas de Moçambique tem voos diários saindo de Maputo e custam cerca de 2 mil reais (ida e volta).


Assim que desembarquei fui me encontrar com amigos que moram na cidade de Nampula. Do aeroporto partimos direto para o Pavilhão do Ferroviário para assistir ao espetáculo dos cantores angolanos Yola Semedo e Kyaku Kyadaff. O lugar estava lotado e o show foi maravilhoso, deu pra dançar e me divertir apesar do cansaço da viagem.


Fiquei hospedada no Campus da Universidade do Lúrio, ela foi construída afastada da cidade de Nampula, bem próximo ao Hospital do Marrere, onde os estudantes do curso de enfermagem fazem seus estágios. 



Apesar da construção da universidade não foram realizadas melhorias estruturais no entorno então para ter acesso ao campus temos de percorrer 12km de estrada de barro, de acordo com os relatos nos períodos de chuva os carros não conseguem circular e as pessoas tem de se locomover a pé. Também devido a presença dos estudantes tem surgido novas construções e comércio na beira da estrada. 



Foi uma semana exaustiva onde chegávamos no Hospital Central de Nampula as 8h da manhã e só saíamos tarde da noite. Não deu pra conhecer muita coisa da cidade, mas dá pra perceber os contrastes em relação a capital Maputo que é muito mais desenvolvida e organizada. 


 
 



Road Trip - Vilankulos/Maputo

Como disse no primeiro post sobre Vilankulos, vc pode chegar até a vila de avião, mas também existem as opções de ir de carro ou de maxibombo (ônibus). No meu caso fui de avião, porque estive pesquisando no Hospital Rural de Vilankulos e voltei de carro, com meu namorado e duas amigas brasileiras.


Admito que tinha preconceito em relação as estradas moçambicanas, principalmente por causa dos conflitos armados e má conservação das auto-estradas, mas admito que a AN1 me surpreendeu. Bem melhor do que muitas estradas brasileiras.



A vantagem de uma viagem de carro é a liberdade. Você decide quando e onde vai parar e quanto tempo vai ficar por ali. Admito que deveríamos ter saído mais cedo, mas estávamos cansados que só saímos do hotel por volta das 10horas da manhã.



Existem poucos postos de gasolina ao longo da estrada, então aconselho levar sempre uns lanches e água. Além de escolher a melhor trilha sonora pra pegar a estrada. No caso da nossa, viajamos ao som dos clássicos do Hip Hop (Snoop Dogg, 50 Cent, Eminem, Chris Brown...). As nossas companheiras de viagem é que não gostaram nem um pouco do repertório. Rsrsrrs



Saindo de Vilankulos, em menos de uma hora, tivemos uma parada bônus, para tirar fotos na Placa do Trópico de Capricórnio, que é um dos principais círculos de latitude que marcam o mapa do planeta Terra e passa pela Província da Inhambane em Moçambique.




Seguindo viagem, tirei mais algumas fotos em paisagens de tirar o fôlego. Mas também dá para ver as casinhas de palha ou pau-a-pique e as mulheres (sempre elas) caminhando longas distancias para buscarem água dos poços das vilas.





Na metade da viagem fizemos uma parada estratégica na cidade de Maxixe para almoçar (um peixinho com camarão) e tomar uma cervejinha gelada. O motorista lógico que ficou só na vontade. A cidade é um ponto de paragem dos ônibus e chapas que viajam pelas estradas de Moçambique, é lá também que os turistas gringos descem para pegar o barco para Praia de Tofo. Paraíso turístico e que é conhecido pelas belas praias e por ser um dos melhores lugares do mundo para prática do mergulho.
Ver: http://viagem.uol.com.br/noticias/2011/09/05/cenario-paradisiaco-vila-de-tofo-e-paraiso-escondido-em-mocambique.htm




Hora de pegar a estrada de novo e fazer até a Província de Gaza e depois Província da Maputo. Esse trecho da viagem é um pouco maior, então um ponto intermediário é uma boa pedida. Após mais algumas horas de estrada e depois de presenciar um lindo por do sol, paramos em Xai-Xai para abastecer o carro e o estomago com uma visita no KFC para comer frango frito e tomar sorvete.



O ultimo trecho da viagem foi horrível, pois já estava noite e a estrada é muito mal iluminada e sinalizada. E pra piorar pegamos uma cacimba (nevoeiro), então tivemos de dirigir bem devagar e com bastante atenção, fazendo com que atrasássemos nossa chegada a Maputo que só aconteceu as 22horas, após 12 horas de viagem. Mas como adoro uma aventura adorei a nossa Road Trip Moçambicana.
 

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